Caríssimo “amigo” mês de Agosto,
É com muita mágoa que lhe endereço estas palavras, mas compreendo que tenha que cumprir com este pedido quase eutanasiástico que me solicitou.
Sei que o tenho que largar dos meus braços, porque a automotora rumo a um desconhecido está quase a partir na plataforma 15, mas na bagagem leva tantas coisas, tantas recordações do silêncio das tanta farras que se passaram nos estes arruamentos. Mas claro já mais me esquecerei que foi o Agosto que me trouxe umas novas quantas aventuras que ficaram guardadas no cumulo das almas que vivificaram tais curtos, mas agradáveis momentos. Foi também o meu caro Agosto que me fez ver que existe uma linha muito ténue na relação com as pessoas, ao fim ao cabo tanta comunicação, tantos meios para chegar a quem queremos e não queremos, não estaremos talvez num exagero onde hoje o excesso é menos que quando havia apenas e só os ditos fólios de uma coisa que se chama papel, sim o papel de carta, talvez expressasse mais há uns largos anos do que todas as palavras que Hoje se dizem por intermédio de aparatos que mais não servem para nos aborrecer a Vida e vivermos completamente obcecados por eles, aliás hoje talvez passamos mais tempo com eles do que com as pessoas de quem realmente gostamos; talvez fosse mais divertido à uns anos quando as pessoas não se escondiam atrás de pequenos visores, naqueles tempos em que as pessoas se enfrentavam cara a cara diziam o que tinham para dizer, quando se ouvia pela voz e não através uns simples telegramas que se cobram em blocos de 140 caracteres, enfim dizem que é a evolução dos tempos, mas que tempos estes onde a Vida cada vez passa mais depressa sem dar-mos conta que ela passa, não acha meu caro.
No entanto tenho a dizer que estou feliz, mesmo rodeado no meio desta multidão sinto-me feliz, sinto-me feliz porque no meio de tanta gente cada vez reforço mais as minhas teorias quanto à “filosofia” do Homem a respeito da Vida, confesso também que me preocupa um pouco as futuras sociedades que por ai virão, tudo isto está a começar agora e já começa a ser tarde para o retrocesso das ditas “morais” que na minha singela opinião já nem sequer existem, onde já nem mesmo a lei quase que nem é válida; mas ao contrário daquilo que se pensa o problema não apenas e só aqui talvez seja um pouco por todas as partes, e agora uma vez que vai viajar pedia-lhe que me fosse enviando uns postais de como são as coisas por essas outras bandas.
No principio tudo é um mar de rosas, “apaixona-mos-nos” facilmente, ficamos bêbados de tanta estupidez, mas claro está todas as figuras de “amor” são ridículas, já dizia o Fernandinho, mas à medida que vamos caminhando começamos a ver que nem tudo o que há primeira vista parece é, a final as “juras” eternas têm um fim mais próximo do que aquele que julgamos. Mas claro até que ponto é que o outro nos importa ? Seria uma boa questão de fazer à malta nova.
Bem meu caro Agosto está mesmo quase na hora da tabela da partida, passou depressa este curto tempo, certamente irás deixar felicidades mas nunca te esqueças do seguinte:
“Mais vale num grande espaço de tempo ter momentos curtos de felicidade e companhia, do que grande espaços de utopia e engano!”
Deste teu amigo um abraço e até para o ano,
Post Scriptum – Aproveita para descansar nas férias que este foi um mês de trabalho.