Na continuidade do desafio que me foi lançado, e a que me auto propus a desempenhar com algum afinco, hoje revelo mais um pequeno texto sobre um outro sentimento, desta vez o fiel não variará de campo para terreno positivo, no entanto fica a promessa de um próximo texto o mesmo variar para algo que possa descolar das profundezas dos oceanos para céus do hiperespaço, assim e fugindo ao que estava programado, hoje o sentimento a expor é o da:
DESILUSÃO
Porquê mudar a temática que tinha definido num anterior texto já publicado? Esta poderá ser a interrogação de quem lê ou acompanha este pequeno projecto, onde um tolo escreve sobre algo e alguns dão-se ao trabalho de ler essas pequenas composições de palavras, bem desta vez existe uma razão para que assim o seja, fez esta semana três anos que escrevera as seguintes palavras:
” Um dia aqueles que tantas vezes disseram “O Vasco acaba por ser sempre um desilusão !”, […] Lembrem-se que Os Insucessos de Hoje, não influenciam o Sucesso de Amanhã ! […] “
E ao relê-las pus-me a pensar se elas teriam ou têm algum significado nos dias de Hoje, se as pessoas que disseram tais coisas não acabam no fim por ter razão naquilo que dizem, serei eu o louco que não consegue compreender aquilo que os outros dizem, ou serei eu que não quero admitir que as palavras têm um tanto ou quanto de verdade nelas expostas ? Tantas interrogações e tão pouco jeito para a filosofar. No entanto a desilusão é um sentimento forte e muito complicado de ser explicável assim tão facilmente por alguém, seja essa pessoa leiga ou seja ela um perito em tais assuntos.
Como podemos nós encarar a dura realidade que somos uma desilusão para os outros, ou pior ainda como é que conseguimos encarar que somos uma desilusão para nós próprios ?
O diferencial principal na resposta a todas estas questões prende-se com a real perspectiva e posição dos agentes, daqueles que sentem, daqueles que dizem, daqueles que escutam e daqueles balbuciam sobre o tudo e o nada, no fundo todas as palavras podem ser conduzidas para um vazio ou poderão ser o instrumento para dirigir uma Vida para o caminho recto-curvilíneo cujo o fim terminará no abismo, colocando as máquina há beira do dilema extremo, viver ou deixar apagar as caldeiras de forma brusca. O problema destas trajectórias é a sua invisibilidade, e a inexistência de um qualquer instrumento de localização que possa alertar quem está ao lado do indevido que traça de forma autómata o seu caminho rumo a algo inóspito, e esse tal lugar inóspito há medida que o tempo caminha para diante vai fazendo com que o seu acesso aos demais terceiros seja cada vez mais complicado e cada vez menos permitido, ficando quem rodeia esperançoso que chegue a altura em que o autómato pare, e olhe em seu redor de forma a que possa ver quem de facto está na sua retaguarda tentando colocar-lhe travões para que este mude o curso de tal rumo, tentando afirmar-se assim convictamente que se:
“Leva o barco para bom porto.” Ditado popular português
Quando esse tal salvador consegue a tal dita autorização para esse tal resgate invisível no tal lugar, também ele, invisível, primeiramente existe cocktail de emoção que são despoletadas nesse momento e nos seguintes, existe a vergonha, a timidez, a culpa e a vontade de voltar para trás e refazer parte do que já nada pode ser refeito, com a mistura perigosa do arrependimento; todo este cocktail não é imediatamente perceptível na maioria dos casos por quem faz o resgate desse caminho, até porque o indivíduo no estado em que está já mais partilhará todo o complexo sistema de emoções, será um trabalho árduo que enfrentará.
Será a partir desta posição que as palavras que outrora mudavam rumos e trajectórias de Vida, passarão agora a ser tomadas como palavras que cairão num completo vazio, pois ao fim ao cabo, qual não foi a pessoal que nunca sofrera uma qualquer desilusão seja ela de que envergadura for? É ou não verdade que todos nós já passamos por isto alguma vez na Vida. A desilusão tal como uma qualquer etapa de aprendizagem da e na Vida estará lá sempre presente para nos acompanhar em toda e qualquer parte.
Hoje e depois de ter cruzado diversas desilusões tanto académicas como pessoais e entre outras, vejo um ponto que será, talvez, brilhante para que todas as palavras caiam no vazio que é o esquecimento quando nos dizem que, estão desiludidos connosco por um qualquer motivo. Se estivermos desiludidos com nós próprios é porque tivemos que sonhar e ter uma idealização de algo que não conseguimos atingir, mas com o curso do tempo será um objectivo a atingir eliminando assim essa desilusão, já quando são os outro a dizerem que somos uma desilusão talvez a culpa não seja verdadeiramente nossa, talvez tenha sido o outro que tenha idealizado uma coisa que realmente não o era-mos, pois nem sempre as visões são iguais nem no mesmo patamar.
Ao longo da Vida sempre me consideraram como um megalómano ou um sonhador naquilo que pensava fazer, muitas foram as vezes me disseram no passado tal como ainda hoje me dizem no presente que muitas das coisas que penso são utópicas; mas vejamos as coisas quando Bartolomeu de Gusmão decidiu idealizar que queria voar, falamos de datas entre 1709 a 1720, decidiu construir a Passarola, ainda hoje não se sabe se foi verdadeiramente construída, sabe-se sim que facto alguém idealizou e projectou o sonho de voar, coisa que hoje é uma banalidade, outrora foi um ideal tal como Ícaro e as suas asas de cera.
Os ideais de outrora, são os sonhos de Hoje e as banalidades do amanhã.
Poderão envergar e acenar a bandeira da desilusão vezes e vezes até ao ponto de se tornar imensurável, mas serão eles, reles figuras, capazes de destruir os nossos sonhos e desviar as nossas trajectórias rumo a um desconhecido ? Deverei eu agradecer inúmeras vezes àquele alguém que um dia apostou em mim e disse-me “vai em frente”, por vezes as pessoas que mais nos surpreendem são aquelas de quem não esperamos nada.