Desta vez o fiel passará para o lado do sentimentos positivos, talvez esteja na hora de equilibrar os pratos que, nestes primeiros textos primaram sempre a negatividades dos sentimentos que existem. Ora então desta vez ao invés de falar na pura essência e no nucleóide do sentimento, fá-lo-ei mas com a ajuda de um termo comparativo, porque desta vez achei interessante usar tal modus operandis. Como é referido logo no título e dada a complexidade que este sentimento traduz e alude, decidi quebrar a exposição em duas partes, a que hoje se publica e, a que será publicará brevemente. Assim e sem mais delongas deslize-se a pluma pelos fólios sobre
Amizades vs Conhecimentos
Antes demais deveremos definir aquilo que é a
Amizade s.f. ɐmiˈzad(ə)
Pela Porto Editora: “§ 1 – Afeição por uma pessoa; estima, simpatia § 2 – Camaradagem, companheirismo, cumplicidade § 3 – Entendimento, compreensão § 4 – Dedicação – bondade § 5 – Pessoa Amiga”
Pela Priberam: “§ 1. Sentimento de afeição e simpatia recíprocas entre dois ou mais entes (ex.: obrigado pelo carinho e pela amizade). § 2. Pessoa em relação a quem se tem esse sentimento (ex. fazer novas amizades). § 3. Relação de entendimento, concordância, afinidade (ex. amizade luso-angolana) § 4. [Antigo] Concubinato, mancebia.”
por oposição
Conhecido s.m., adj. kuɲəˈsidu
Pela Porto Editora: “Adj. § 1 – De que se tem conhecimento; descoberto § 2 – Que muitos conhecem; comum § 3 – Com grande reputação; célebre | s.m. § 1- Aquilo que se conhece § 2 – Pessoa com quem se tem relações sociais superficiais ou ocasionais § 3 – Pessoa de quem se ouviu falar”
Pela Priberam: “s.m. § 1. Pessoa que nos é conhecida. | Adj. § 2. Que se conhece. § 3. Que se sabe ser.
parece que já temos aqui um principio para desenrolar alguma coisa sobre esta temática a que me proponho falar, mas, e como tem sido em todos os textos, adicionarei a minha e apenas a minha opinião sobre estas esferas da geopolítica individual de cada um.
Bem primeiramente importa referir que a os quadrantes não são minimamente rígidos e por isso, tudo aquilo que um acha, poderá ser completamente diferente do outro, assim podemos em primeiro lugar concluir que não existe uma verdade absoluta, apenas uma linha que poderá orientar ou não um particular individuo, ou toda uma orientação geral. E muitas vezes estas linhas podem ser tão ténues que são facilmente confundíveis, naquilo que é o sentimento de cada. Juridicamente falando são civilmente definidas entre três ou mais esferas, com raios de acção muito abrangentes, sendo de raios sucedâneos umas das outras, ou seja em primeiro lugar temos a esfera secreta do individuo, que é aquilo que guardamos apenas para nós próprios, depois a esfera particular, aquela em que o ser partilha diversas informações apenas, e só, com um grupo restrito de pessoas, e, por fim a esfera ilimitada, que é a esfera pública, ou seja o raio de acção onde a pessoa publica toda a parte da sua Vida que quer que seja pública; é de mencionar que esta é uma das muitas teorias que existe à cerca deste assunto, como tudo no ramo do direito, onde por vezes o inocente é culpado e, o culpado é inocente.
Depois deste pequeno intróito literário e jurídico, importa agora saber se estas duas categorias distintas possuem elas próprias graus de profundidade, e sim, na minha concepção destes tipos de relações, existem diversos graus que podem ser definidos de acordo com muitos critérios, alguns de base complexa outros de base mais simples, talvez o mais interessante e comum será a mensuração da intensidade, e depois, critérios como a a relação tempo-profundidade, tempo-distância, entre outros factores de correlação. No entanto subjacente a esta distinção sentimental está sempre presente a imperativa interrogação:
Será que para ele eu serei também um amigo, ou apenas mais um dos seus conhecidos?
e esta pergunta poderá levar muito tempo até ser respondida, com uma afirmação certa, ou melhor dizendo, nos dias de hoje noventa e nove por cento, destas perguntas irão ficar por ser respondidas com uma certa que lhes seja fielmente associada, e por outro lado, até que apareça aquela situação limite, já mais esta pergunta será respondida com certeza alguma.
Há ainda um outro critério de dualidade entre chamar-mos Amigo, com sentimento a alguém, ou essa pessoa ser apenas e mais um contacto na nossa lista telefónica, ou na rede de contacto, e isto de que falo denomina-se por cobardia, a falta de dar valor pelo outro, tal como o afirmou Confúcio no Período das Primaveras e Outonos da História Chinesa a ordem de grandeza de vinculação é dada pelo Imperialis Principium:
“Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade”
Poderia ser apenas e só mais uma frase nos dias de hoje, contudo a verdade que lhe está subjacente é autêntica, ou talvez nesta sociedade contemporânea ganhe ainda mais peso, do que aquela que já tem. Pelos mais diversos infortúnios que passamos no transcorrer da Vida, vamos observando com atenção aqueles que vêm e também aqueles que parte, e no equilíbrio da balança estão os que permanecem no decorrer de todo o tempo. Enquanto estamso na mó de cima, a quantidade de pessoas que temos à nossa volta, pode até ser sufocante, mas será que nestas alturas estamos assim tão acompanhados, ou por contrário, no meio de tantas pessoas sentimo-nos completamente isolados ? Quantas foram as pessoas que já fizeram esta interrogação. No entanto quanto por algo de errado acontece na Vida, e naquele particular momento precisamos de alguém dessa multidão que nos acompanha, este é aquele momento, o momento, em que te sentes completamente só, porque todos aqueles que se diziam como os Amigos, os Grandes Amigos, esses, alguns, pois toda a regra tem a sua excepção, são os primeiros a dar de frosques é triste escrevê-lo, mas mais triste será senti-lo, e não isto não é uma ilusão da pessoa que escreve estas linhas mortas, é a mais pura das realidades neste mundo cão em que vivemos, gostaria que tal não fosse realidade e que tudo fosse uma alucinação ou invenção da minha cabeça mas infelizmente não o é.
E depois ? Depois, resta-nos a força e a coragem que residem no mais profundo do nosso intimo para continuar em frente, enfrentando os mais diversos obstáculos que nos são postos, no entanto e quando menos esperamos, poderá aparecer aquela pessoa que praticamente não nos diz nada, mas que se revela o contrário de tudo aquilo que, aqueles que tinham deveres, os verdadeiros fizeram; poderá aparecer-te aquela pessoa altruísta que a troco de uma palavra puxa-te para cima, amarra-te às costas dela e ajuda-te a reconstruir todo um caminho cheio de obstáculos apenas, cobrando apenas e só aquela palavra genuína e de honra, e com a qual ficarás com uma eterna gratidão por voltares do caminho dos mortos que já mais, algum dia será mensurável. Na mente de quem lê estas linhas, a dedução da palavra que aqui menciono será “obrigado/a“, contudo esta será a palavra proibida no acordo de cavalheiros, a palavra que aqui tanto falo sem a identificar é “amigo/a“, a genialidade de tudo isto, é que aquilo que se partilha nas desgraças, acabará sempre por vir a duplicar o sentimento de alegria a quando da rota e do estágio do sucesso.
É este o altruísmo que falta às gentes de hoje ! Escusado será dizer que aqueles que tomaram o rumo de zarpar do porto, para não dizer do abandono, nunca mais serão esquecidos pelas atitudes que praticaram, até podemos perdoar as suas atitudes por melhores ou piores que sejam as desculpas dadas, nunca passaram disso mesmo de desculpas, mas já mais esqueceremos e apagaremos das nossas mentes tais momentos, porque estas serão feridas eternas e insaráveis. O reconhecimento e chancelaria de uma amizade dar-se-á com os passos e as atitudes que vamos tendo ao longo da Vida para com as mais diversas pessoas, todavia existem que são insignificantes e que se perdoam, já mais penses que não te irás chatear com aquele verdadeiro e genuíno amigo, porque certamente te vais chatear, porque no final passado algum tempo, não muito as pazes irão ser feitas e tudo voltará a ser como era dantes, até porque muitas das vezes estes gestos tem origem em algo que tu ou ele consideram correcto para a tua ou para a Vida dele; umas amizade verdadeira não é estar sempre de acordo, é por vezes divergir naquilo que pensamos juntos. É também quase certo que, por vezes terás dificuldades em pedir ajuda, até mesmo a ele que sabe de toda a história, mas nesse mesmo instante saberás também que ele é um dos pilares fundamentais da tua Vida e poderá ser ele que te ajudará a cimentar outros dos pilares estruturais que tenhas. Também por vezes, não lhe irás querer dizer nada, para não o estares a chatear ou a incomodar com coisas que poderás achar que são fúteis, quando na realidade precisas daquele desabafo, ou porque sabes que ele irá reagir com um tom de preocupação e isso fará com que ele se mostre preocupado contigo, como o contrário também serve, no entanto o conselho que te dou é, sempre que precisares liga-lhe, manda-lhe uma mensagem ou escreve-lhe, o importante é que o faças, porque será benéfico para ambos, e já mais lhe mintas, porque de uma maneira ou outra ele irá perceber que estás a mentir.
A amizade é um sentimento, senão o único, que mesmo sem dinheiro algum poder-te-ás sentir a pessoa mais afortunada deste planeta, porque ele ir-te-á permitir alcançar a felicidade, no seu estado mais aproximado com a perfeição e pureza, a realização e o sentimento de partilha, e o mais belo disto tudo, é que ela terá sempre outro sabor porque é genuína. Já mais dinheiro algum te trará a concepção ideal de amizade ou da felicidade.
Por tudo aquilo que já vivi nesta curta Vida, que é a minha, estou ciente e posso assegurar com algumas certeza que, me posso considerar um dos homens mais abastados deste planeta no que toca a sentimentos tão perfeitos de amizade como aqueles que tenho com algumas pessoas cujo os nomes nem precisam de ser mencionados, porque a certeza interior dizer-lhes-á quem o são, transpondo em linguagem de campo de batalha, serão estes os meus fieis companheiros que estão entrincheirados no suporte das batalhas que travo todos os dias com o fim de ganhar a Grande Guerra que é a Vida de cada um de nós, e cujo o final todos nós desconhecemos.
Nos actuais dias de correm é bastante difícil aprimorar e co-substânciar aquilo que sentimos por alguém, vivemos num quase estado de emergência, a simples visão é o bastante para que tiremos ilações sobre aquilo que na verdade não o é, o turbilhão de emoções que é sentido por nós seres humanos é cada vez mais descartável e sem sabor. Tal como já o tenho referenciado por diversas vezes noutros textos, o altruísmo, o sacrifico e o esforço pelo outro é algo que cada vez é mais raro de ser visto e apreciado.