Por costume, as últimas semanas de Dezembro são recheadas de uma azafama louca, para tudo e mais alguma coisa, tanto para quem anda às compras de última hora para comprar aquele presente, para outros altura de apressar os fechos administrativos a que a Lei obriga, mas no fundo tudo culmina num sentimento, que parece ser mais fácil de ser partilhado por estas alturas.
Pois bem, hoje parece-me ser a noite certa e mágica para partilhar esta história.
Aquele sentimento tão desejado…
Era um final de tarde, o Sol já se havia ido e Lua já estava quase no seu pleno Novo Luar, o frio da época fazia-se sentir, mas o sentimento que se acolhia no peito era enternecedor e dava para afugentar todo o frio que a pele sentia. Naquela curta avenida a maioria das maiorias corria numa pressa constante que quase levava à loucura; Pedro esperava com uma ansiedade constante, a chegada daquela pessoa, no meio da companhia do seu livro de bolso e de uma chávena de chocolate quente de entre a multidão que o rodeava na esplanada, ele folheava página a página, saboreando prazerosamente ambos. O relógio andava freneticamente para uns, mas para ele, a sua percepção, era de que eles cada vez se moviam mais lentamente, a cada passo a cada segundo parecia que o tempo, esse, dilatava numa imensidão do espaço em que nada o faria parar de se expandir.
Acercava-se finalmente o momento mais desejado, aquele sentimento que apenas ele próprio o sabe explicar e que já mais o conseguirá transformar por palavras; o ritmo cardíaco acelerava loucamente, a respiração começava a custar, as mãos essas começavam a tremer, e a razão começava a dar lugar a outro sentimento incontrolável. Pois bem chegado aquele momento a pessoa que ansiosamente aguardava, não apareceu! Todavia havia mandado uma mensagem a dizer que seria impossível aquele encontro naquele dia e que ficaria para outra vez. O sentimento de Pedro era desolador, naquele momento o sua mundo acabava de ruir, era uma mistura de descontentamento com uma desilusão profunda que, naquele instante lhe retirou o sorriso dos lábios, que o deixava gelado por dentro e enregelado por fora. A apatia tomou de assalto a sua alma e o seu coração.
Pedro fora para casa, pois era noite de consoada e por casa haveriam coisas que o fizessem animar e distrair, coisas que ele pensava que lhe conseguiriam ajudar a distrair e a voltar fazê-lo sorrir uma vez mais. No meio da cozinha estava a sua mãe e as suas avós a preparar os fritos, o bacalhau e todas as outra iguarias que não perdoamos que elas nos passem ao lado.
Chegava finalmente outra hora que Pedro desejava, a Consoada, todavia havia um lugar a mais na mesa, mas ele nem sequer se apercebera antes, apenas tomou consciência quando se sentou na mesa farta. Interrogou a mãe, que afirmou que seria para uma prima que haveria de vir jantar mas que estava literalmente atrasada, sim a prima Carlota era uma senhora que vivia sozinha, mas que chegava sempre atrasada a todo o lado inclusive no Natal; assim Pedro não ligou mais ao lugar, pois a prima haveria de chegar.
Todos com a sopa no prato servida e prontos para começar aquela noite tranquila de risos e de alegrias, com as histórias boas do ano, irrompe o som estridente da campainha, algo extremamente anómalo para a noite de consoada, bem seria a prima que estava atrasada que chegava. O coitado do Pedro continuava desolado por naquele dia tudo o que mais pedira não estar ali ao seu lado a preencher aquele lugar vazio. O pai de Pedro levantou-se e foi à porta, não era a prima atrasada, era uma vizinha que lhes pedia um pouco de açúcar porque o seu tinha acabado. Quando finalmente começaram a jantar, de entre tantas história, o pai pergunta-lhe como havia sido o reencontro daquela tarde e Pedro de costas para a porta, afirmou que tinha sido desolador, o momento que esperava à alguns tempos voltava a não se repetir e por isso estava um pouco triste, mas dizia que naquela noite tinha que se animar, porque sentia que algo de mágico se iria passar ali; porque no final das contas era noite de Natal. O pai respondeu prontamente dizendo que haveriam outras oportunidades para aquele momento se realizar outra vez, deixando um sorriso no final da frase. E a conversa saltou para outro tema.
Repentinamente Pedro sente umas mãos quentes sobre os seus ombros e junto às suas orelhas ouve um sussurro “O teu maior desejo acaba de se realizar nesta noite que é sempre mágica! Posso abraçar-te?” Pedro petrificou, começava a irrompem-se nos seus lábios um sorriso de orelha a orelha, o coração acelerava para a velocidade de como se uma bala se trata-se, as mãos começam-se-lhe a tremer novamente e o sentimento esse que tanto ansiava começava ser uma realidade. Tudo naquele momento lhe parecia mentira, mas tratava-se da mais pura realidade que ele não conseguia acreditar que estava a acontecer. Num ápice levanta-se da mesa e abraça-se aquela sua pessoa que tanto o fazia pensar e que tanto lhe punha um sorriso nos lábios e que lhe enternecia o seu coração que por vezes era duro de romper; estava radiante estava feliz, o calor e o sentimento daquele abraço e daquele beijo faziam-no não desejar nada mais, porque aquilo estava a ser um momento perfeito e puramente mágico.
Sorrindo a mãe dizia, porque não se sentam e não continuamos a jantar, agora sim com a mesa composta por todos; Pedro interrompe a mãe e diz “Então e a prima?”, todos soltam uma gargalhada e a mãe diz “estás agarrado à tua prima que todos estava-mos à espera” e continuavam a rir-se; Pedro de tão radiante que estava nem se apercebera que aquilo estava tudo planeado.
Pedro pela primeira vez em muito tempo estava radiante e puramente feliz, enternecido com a pessoa que amava ao seu lado naquela que seria e é uma noite mágica, a noite da Consoada.
O resto da história deixo em aberto para que cada um possa imaginar a pessoa e o final que daria a esta história, se a quiserem partilhar nada como o fazer nas caixas de comentários ou enviar uma mensagem por qualquer meio.