Dizem que hoje, é o dia dos Namorados, dizem que se comemora o São Valentim, resta saber é qual dos três Santos Valentins se comemora hoje, ora diga-se também de passagem que a Curia Romanus deixou de oficialmente comemorar esta festividade do santo no ano de 69 do século passado (1969); mas o texto de hoje não incide sobre a teologia até porque essa nem sequer é a minha área, foi apenas um breve intróito.
Por ser o aclamado Dia dos Namorados, parece-me que é um óptimo pretexto para falar naquilo que é o romance hoje em dia, naquilo que são os preliminares de tudo o que envolve o estreitamento da relação entre duas pessoas. Diferentes filosofias e visões, detém diferentes opiniões do que é isto do Namoro e das Relações entre duas pessoas, sejam elas de que sexo forem; esta é apenas a minha visão do que é tudo isto da Vida e, como é óbvio é uma mera e simples reflexão que apenas me vincula a mim.
Hoje vivemos numa sociedade que inventa desalmadamente vários tipos de relações e relacionamentos e, criam-se centenas de teorias para elas, basta alguém mais mediático abrir a boca e já está; contudo no cerne da questão estão dois elementos fundamentais que sem eles nenhuma relação consegue sobreviver. Esses tais elementos essenciais de que falo são a Paixão e o Amor, nos seus sentidos mais puros. Já mais será possível uma qualquer relação de namoro existir sem estes elementos, fora estes elementos é impossível que uma qualquer relação ainda sobreviva sem o conjugado das duas partes, tal como uma fechadura se o par da fechadura não for o mesmo, por mais que insistamos não vamos conseguir abrir o trinco, esta será talvez a definição mais básica mas, ao mesmo tempo, a mais ilustrativa de se perceber.
O grande problema da Sociedade de Hoje é que, talvez, não saiba que sem este conjunto de duas palavras as coisas não existem. Hoje, banalizamos o sexo, deixou de ser um tabu para ser quase um perigo de saúde pública, somos a geração mais informada de sempre, mas também somos a geração sem cabeça que por uns minutos de prazer físico, se é que não é mesmo só a prática de uma actividade biológica do organismo, é capaz de por a saúde em perigo; tecnicamente e teoricamente deveríamos ser precisamente o contrário, o problema não está na informação está na responsabilidade e na cabeça. Esta banalização fez com que deixasse-mos de ter que seguir alguns passos básicos para chegar ao clímax, que seria o sexo, fez com que grande parte da paixão não fosse gerada, fez com que o amor quase já não tenha sentido de essência.
Como a maioria da Sociedade não consegue ser puramente feliz neste aspecto, há também um género de retaliação por aqueles que o conseguem ser, mesmo que seja de uma forma diferente da maioria, porque no centro dessas relações consegue existir o culminar das palavras que são a essência. A Paixão aliada ao Amor consegue fazer com que até os mais curtos momentos de prazer, não os biológicos, consigam durar muito mais do que aquilo que na realidade o são e, conseguem ainda fazer com que o sentimento a eles associado seja infinito no tempo; é um beijo ou abraço que conseguem mudar um dia por completo, são coisas ínfimas que conseguem quase mudar os pólos do planeta.
Neste dia há também aqueles que são amantes à distância, os altruístas, que a sociedade não entende e que mais facilmente critica, que tendo os dois elementos por uma determinada pessoa, não são por completo correspondidos nos seus pares, não conseguem ter o par simétrico para que a fechadura abra, nem tão pouco o assimétrico para abrir as electrónicas. Também os à aqueles que vivem os loucos amores proibidos e impossíveis, vivendo na esperança de um dia poderem deixar de o ser.
Tudo na Vida dá trabalho, tudo na Vida exige esforço e dedicação, nada na Vida nos é dado sem um qualquer propósito numa teoria determinística, qualquer que relação seja ela de que modo for, permitida e aceite pela sociedade, permitida mas criticada pela sociedade, proibida, impossível, etc … Neste campo nada podemos ter dado como garantido; salvo se por materialismos ou aparências vivermos, mas na realidade ninguém é feliz assim, por mais que o digam que sim, eu não o consigo acreditar que o sejam.
Nestas muitas maneiras de Amar, devemos sempre amar quem de facto o nosso coração diz que devemos amar e confiar, a Paixão poderá até desvanecer, mas deveremos sempre preservar o amor que temos por aquele outro, porque se deixarmos escapar o amor, estamos sempre a perder muito mais do que aquilo que ganhamos, inclusive perdemos mais do que aquilo que tinha-mos quando entramos no jogo, que tem regras básicas que todos sabemos quais são e que temos que cumprir.
Hoje no Amor moderno, o clássico é um passo simples para ficarmos apaixonados, o clássico de ser simples mas com todos os passos, por vezes com tantos passos que temos que dar acabamos por perder aquilo porque nos apaixonamos. Por vezes até nos apaixonamos por uma coisa que na realidade depois até é uma coisa totalmente distinta.
Não tenho qualquer problema de o assumir que poucas foram as vezes que me apaixonei por alguens, que poucas foram as vezes que sinceramente amei alguens, Hoje esses alguens parte ainda fazem parte da minha Vida, outros deixaram de ter nome, deixaram de ter rosto, deixaram de existir na memória, porque preserva-las é um desperdício na mente. Hoje o fiel da balança diz-me que quase sempre ganhei mais do que aquilo que perdi, o mesmo fiel diz-me que das poucas vezes que perdi, perdi tempo com o qual podia ter dedicado a mim próprio. Já vivi sozinho, paixões proibidas e impossíveis, mas no fim consegui desvanecer a paixão que sentia para conseguir apenas e só ter o amor por elas, porque o amor é aquela coisa bela que é mutante e que pode assumir diversas formas, e sempre poderemos amar alguém de uma qualquer maneira.
Hoje dedico estes texto a todos aqueles que fazendo parte da minha Vida, estão apaixonados e enamorados pelos seus pares, espero que se tenham divertido e dedicado uns minutos aos pares. Mas também deixo um conselho, não é só apenas e só num dia específico que devem dedicar parte do tempo ao outro, devem fazê-lo a miúdo durante todos os dias e permitam-se a ser verdadeiramente felizes e não vivam em campos que possam estar minados.