O Fim
Dois dias passaram e não havia maneira de ter qualquer contacto com os emissários enviados a Terra!
Sua Graça começava a preocupar-se substancialmente a cada minuto que passava. Com o cair da segunda noite ordenou que todos se reunissem no convés e informou que na manhã do dia seguinte iria ser disparada uma bombarda com um tiro de salva, para que servisse de aviso aos locais.
O sol raiou e a ordem de disparo foi executada. Minutos depois, surgiu movimento na costa e um dos botes zarpou em direcção a Bonança. Chegado o bote à Nau, compareceu no convés um estranho com vestes de ouro reluzente requerendo a presença do Comandante em Terra firme. Ali mesmo teve origem um longo diálogo entre ambos, até que Sua Graça o Duque Domingues, decidiu atender ao pedido formulado. Contudo antes de partir rumo ao desconhecido, chamou o Imediato e entregou-lhe um subscrito lacrado com o cunho da Bonança dando uma ordem directa para só proceder aquela formalidade depois da sua partida.
Honras militares executadas e o Duque zarpou sem mais nenhuma formalidade, deixando os seus homens esperançados.
Chegado a terra firme, o Comandante reconheceu um rosto fechado mas familiar.
Era o Conde Alves que havia partido na esquadra da anterior expedição, até então dada como perdida pela coroa, convidado o Duque Domingues para uma visita ao interior da floresta. Foi nesta altura que o Imediato abrira a carta que dizia:
“Devem abrir fogo pela manhã, com todas as bombardas, e zarpar em seguida em direcção ao Nosso Porto. À sua chegada informe El Rey imediatamente e traga toda a Armada para vingar a Coroa! Agora cabe-lhe a si abrir Fogo Sr. Comandante!“
No interior da densa floresta, o Duque foi brindado com a traição do Conde, que, ali, se havia tornado Imperador, manipulando todos aqueles locais, como se de seus súbditos se tratassem. O Conde Alves era uma figura extremamente acariciada por Sua Majestade El Rey Eduardo II, mas passado uns tempos do seu não retorno tomara-o como um Inimigo da Coroa buscado por todos os quatro cantos da Terra conhecida.
Com todas aquelas traições o Duque Domingues fingiu-se apaixonado por todas as suas palavras e pedira um momento a sós entre ambos, sem estranhos na sua presença. O Conde concedera tal pedido, num lugar onde tudo parecia andar ao redor num movimento rápido, numa noite profunda onde só se faziam escutar os bichos selvagens.
Breves momentos depois o Conde desembainhou a espada, e num surto de raiva platónica, atingiu o coração do Duque de maneira atraiçoada. Sem reacção o Duque apunhalado pelas costas agoniou até ao seu último segundo.
Antes mesmo de dar o seu último suspiro Sua Graça o Duque Domingues disse ao Conde:
“A traição é o teu melhor dom, mas já mais esquecerás ter passado pela minha Vida e jamais me esquecerás, até ao leito da tua morte!”
e deu o seu último suspiro de agonia.
Com a morte do bravo Duque , El Rey decidiu que todo o rumo do seu reinado deveria ser alterado para honrar esta história.
Bonança abrira Fogo e destruíra parte daquele local inóspito zarpando em seguida para se cumprir a vontade do seu Comandante, rumo novamente ao inesperado e ao desconhecido das tormentas.